segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Exercitando com a charge...

Hoje minha opção foi a charge. Elas foram criadas no século XIX por pessoas opostas ao governo e críticos políticos com o objetivo de satirizar, através de uma caricatura, algum acontecimento atual. A palavra charge tem origem francesa charger e significa carga/exagero. É considerada uma crítica político-social onde o artista expressa sua opinião sobre determinadas situações.


Nesta charge, Benett utiliza recursos visuais e verbais para nos transmitir sua crítica a respeito dos horários políticos, argumentando que é melhor assistir a um desenho animado ao ter que assistir os horários políticos, ou seja, critica a política de um modo geral.

Podemos aplicar ainda os conceitos que apresentei nas postagens anteriores...
O verbo interrompemos vem do infinitivo interromper. Assim, percebemos o acréscimo de morfema, ou seja,  morfema aditivo.

Façamos a conjugação:


Perfeito do Indicativo:

eu interrompi
tu interrompeste
ele interrompeu

nós interrompemos

vós interrompestes
eles interromperam

Segundo a tabelinha explicativa de Valter Kehdi, as cinco primeiras pessoas são isentas de desinências modo-temporais. E a primeira pessoa do plural é composta pela desinência [-mos] que denota a desinência número- pessoais, neste caso, marcando a pluralidade.


domingo, 27 de janeiro de 2013

Morfemas

Nesta aula, apresentarei as classificações de morfemas.

Morfemas aditivos: São os que se anexam a um núcleo (geralmente, o radical). Ex: afixos, vogais temáticas e desinências. Eu considero que são os que auxiliam na formação de uma palavra, tomando como base um mesmo radical. Por exemplo: 

Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta. (OTM)

Nesta palavra, observamos o acréscimo do sufixo [-ininho], formando uma nova palavra através do radical [pequen-].

Obs: Também temos morfemas aditivos em verbos, é o que vimos há dois posts atrás.

Morfemas Subtrativos: Como o próprio nome diz, é a supressão de um fonema do radical. 
Ex: anão/anã.

Percebo esses morfemas recorrentes na linguagem informal, onde as pessoas não falam algumas desinências, deixando de concordar com partes da frase. 

Morfemas Alternativos: Substituição de fonemas considerando um mesmo radical.
Ex: avô/avó.

Morfemas Reduplicativos: Essa reduplicação da parte inicial do radical ocorre frequentemente no período da aquisição da linguagem, onde as crianças precisam dessa repetição para seu aprendizado. Por isso, temos a profissão babá, que mostra exatamente essa relação. A reduplicação da parte inicial e a profissão que se remete as crianças.
Outros exemplos: Papai, mamãe, vovó.

Morfemas de posição: Aqui, não temos nem acréscimo e sem substração de segmentos. Apenas nos dá suporte para a posição dos termos. Essa muito utilizada em textos jornalísticos, pois é uma técnica que ajuda na topicalização daquilo que se quer evidenciar.

Vejamos o exemplo para melhor compreensão:

Ex: Luciana matou a fome. (Voz ativa) / A fome foi morta por Luciana. (Voz passiva analítica)

Percebeu a diferença? Além de gramaticalmente diferente, semanticamente também é, apesar de não parecer de imediato. Coloquei aquilo que quis evidenciar em primeiro lugar dando assim uma hierarquia de importância dos termos (Luciana e A fome).


Vogal Temática

Darei uma rápida explicação de como encontrarmos a vogal temática de uma palavra. Vamos lá!

Primeiramente, elas se dividem em:


  • Vogal temática nominal;
  • Vogal temática Verbal.
Primeiramente, observe que a posição prototípica, ou seja, mais usual da palavra é: 

Radical - Vogal temática - Desinência

Para identificarmos as vogais temáticas nominais precisamos compreender que servem para marcar classes de nomes e verbos. Em Português, as VT são: {-a}, {-e}, {-o}.

Obs: Não podemos confundir as VT`s com as desinências de gênero (explicadas em ports anteriores).

Para que isso não ocorra com você, entenda que nas VT`s não ocorrem comutação na mudança de gênero  ao contrário das desinências de gênero. Para ficar mais claro, observe: 

Tente colocar a palavra livro no feminino: Livro - Livra. Sabemos que não existe o substantivo livra, por isso, estamos diante de uma vogal temática.

Se fosse a palavra menino. Colocando no feminino, teríamos a palavra menina. Neste caso, estamos diante de mudança de gênero, já que existe o substantivo menina.

As vogais temáticas verbais, expliquei no post anterior. Se tiverem dúvidas, deixem um comentário abaixo.

Continuando...

Ainda temos as variações da vogal temática. Dividirei em 2 processos:

  • Elisão;
  • Crase.

 Por exemplo, nas palavras:

Luto - Lutuoso 

Aqui, ocorrei o processo de elisão, pois continuamos com a Vogal temática [-u]. Veja que houve a transformação de [-o] para [-u-], pois o sufixo começou por vogal [-oso].

Agora, vejamos as palavras:

Carinho - Carinhoso

Aqui, percebemos que houve o processo que crase, já que o sufixo [-oso] inicia com a mesma vogal da vogal temática da primeira palavra. Por isso, concluímos que no processo de crase, a vogal temática deixa de existir.

Encerramos este assunto por aqui. Simples, né?



Desinências Verbais

As desinências verbais são divididas em:


  • Modo e tempo (modo-temporais);
  • Número-pessoa (número-pessoais).

Para encontrarmos essas características em um verbo, é importante que os conjuguemos. Darei um exemplo para que fique mais claro, e neste exemplo, usaremos técnicas que expus em postagens anteriores. Vamos lá!

 O verbo amar

Primeiro passo: Conjugue-o no tempo verbal desejado, por exemplo, no pretérito perfeito do indicativo.

Eu amei
Tu amaste
Ele amou
Nós amamos
Vós amastes
Eles amaram

Segundo passo: Observe o termo que se repete em todas as conjugações e separe o radical. [am-]. Feito isso, observe que sobrou uma parte modificativa do verbo que se diferencia em cada conjugação. Nela encontraremos a vogal temática e as desinências.

Obs: É importante observarmos que em alguns casos não haverá a desinência modo-temporal.

Terceiro passo: Marque as vogais temáticas. Estas que segundo Valter Kehdi, 2009, são acrescidas normalmente ao radical. formando uma base para anexar a desinência. Neste caso, fica fácil de identificá-las! (marquei em vermelho).

Quarto passo: Este é nosso último passo. Nesta conjugação, observamos na tabelinha do texto Morfemas do Português de Valter Khedi, 2009, pag. 32 e 33, que nas cinco primeiras pessoas, a desinência modo-temporal é nula; e para a terceira pessoa do plural a desinência modo-temporal é [-ra-] (grifo em verde). Já as desinencias numero-pessoais estão presentes em todas as pessoas. (grifo em rosa).

domingo, 13 de janeiro de 2013

Exercitando com o poema




Poética


De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes

Hoje escolhi outro gênero literário: o poema. 

Aqui, Vinícius de Morais brinca com as palavras e com a noção de tempo, fazendo do óbvio algo inesperado. Consigo com através dessa ideia, fazer uma analogia com sufixos e desinências. Pois as desinências são óbvias, elas que farão a concordância da frase e por isso, necessitam estar em acordo com seu elemento principal. Já os sufixos inovam o texto a medida que modificam uma palavra dando a elas novos significados.

Fazendo uma análise de alguns trechos, como O este é meu norte encontramos o artigo o e o verbo é concordando em gênero (masculino) e número (singular) com o substantivo este. Bem simples, né?

Além disso, observamos a palavra norte, que é uma palavra masculina, porém terminada em -e. Porém também temos a palavra feminina tarde, também terminada em -e. Isso nos mostra que a terminação em -e não significa um traço masculino.

Desinências de gênero e número

Dando continuidade às desinências, estudaremos sua subdivisão em gênero e número.

As desinências de gênero se subdividem em:

- Flexão: Masculino - Feminino (ex.: garoto - garota)
- Derivação: Acréscimo de sufixo (ex.:conde - condessa)
- Heteronímia: Masculino - Feminino constituídos por dois vocábulos diferentes. (ex.:abelha - zangão)

O escritor Kehdi, 2012, propõe uma discussão em torno da flexão, pois é um tema recorrente atualmente, principalmente depois do mandato da presidenta Dilma Rousseff, quando declarou sua vontade de que as chamassem de presidenta

Afinal, existe uma flexão própria de masculino e feminino?

Não podemos considerar que -o é marca de masculino por opor-se a -a, pois esse raciocínio nos levaria a conclusão de que o -e também seria masculino já que se opõe a -a. O que não se aplica, pois temos as palavras  a fonte (feminina)
              o poste (masculina)

Na discussão, o escritor então traz Mattoso Câmara, que propõe uma reflexão interessante a respeito da oposição entre feminino e masculino. Ele considera o masculino como forma desprovida de flexão específica, em oposição ao feminino, caracterizado pela flexão em -a. Mas essa reflexão também causa conflitos já que quando acrescentamos a vogal o a uma palavra feminina, torna-se masculina, ex: boca - bocão/ casa - casarão.

A desinências de número subdividem-se em:

- Singular: caracteriza-se pelo morfema Ø
- Plural: caracteriza-se pelas desinências s/es (ex: casas, cartazes)

Atenção!
  • Paroxítonos terminados em -s, permanecem invariáveis no singular e plural. Ex: lápis (alomorfe  Ø) - o lápis/ os lápis;
  • Temos os proparoxítonos invariáveis, tais como: óculos, bíceps, tríceps, etc.

Dessa forma, concluo a teoria deste assunto. Na próxima postagem iremos colocar as assimilações adquiridas deste conteúdo em prática!

Introdução das Desinências...

O assunto que trabalharemos hoje será Desinências. Espero que todos estejam dispostos a aprender, pois é um conteúdo bem tranquilo e legal de se estudar!
Primeiramente, acho importante que todos tenham em mente a definição de desinências. Segundo Valter Kehdi, 2012, "desinências são os morfemas terminais das palavras variáveis. Servem para indicar as flexões de gênero e número (desinências nominais), e de modo-tempo e número-pessoa (desinências verbais)".
Vamos entender melhor essa definição?
Em postagens anteriores, expliquei que morfema é a unidade mínima da palavra, portanto ficou ainda mais fácil de compreender a definição de desinências.
Esse morfema posiciona-se à direita do radical, por isso é comum que façamos algumas confusões com os sufixos. Para que isso não aconteça, explicarei as diferenças entre desinências e sufixos:

As desinências são elementos que ajudam na concordância da frase, por isso têm um valor mais obrigatório. Vejamos a seguir uma frase de Mário Quintana para analisarmos melhor:

A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão. Mário Quintana  

Peguemos o primeiro período da frase para analisarmos. Consegue perceber a concordância da frase? O artigo A e o verbo acendeu são elementos subordinados ao substantivo noite. Dessa forma, o artigo fica no feminino e singular (concorda com o gênero  já que noite é um substantivo feminino e número) e o verbo acendeu se mostra no singular, pois noite é um substantivo singular. Neste caso, estamos diante de desinências.

O sufixo, por sua vez, possibilita criação de novas palavras, como já foi dito em postagens anteriores.

Outra diferença significativa entre eles é a que Valter Kehdi, 2012, nos traz, dizendo que as desinências são morfemas que não podemos dispensar. Por isso, toda forma verbal portuguesa está associada as noções de modo e tempo e de número e pessoa.

A partir disso, podemos concluir que o grau (elemento considerado como flexão por muitas gramáticas) não constitui um caso de flexão e por isso não é uma desinência, se tornando apenas uma derivação sufixal. 

Ficou confuso? Observe...

Expliquei que uma das características marcantes da desinência é o valor mais obrigatório, para mantei uma concordância na frase. Certo? Pois bem. Agora, observe essa frase:

"Diminutivo sempre dá ideia de meigo: assassinatinho". (Autor desconhecido)

Percebemos a presença de um substantivo no grau diminutivo: assassinatinho. Porém, esse grau não constitui valor obrigatório na frase uma vez que podemos substituí-lo pela expressão pequeno assassinato. Entenderam?