terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Exercitando com a música...

Através do gênero textual música, pretendo exercitar a morfologia. Escolhi uma música de Djavan, pois é um cantor/compositor que eu tanto gosto.


Djavan- Oceano

Assim
Que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão,
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você?
Que solidão!
Esquecera de mim?

Enfim,
De tudo o que
Há na terra
Não há nada em lugar
Nenhum!
Que vá crescer
Sem você chegar
Longe de ti
Tudo parou
Ninguém sabe
O que eu sofri...

Amar é um deserto
E seus temores
Vida que vai na sela
Dessas dores
Não sabe voltar
Me dá teu calor...

Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
E esqueço que amar
É quase uma dor...

Só sei viver
Se for por você!

Após lermos a música, vamos analisá-la de acordo com os conceitos aprendidos em sala!

O compositor relata o seu amor por alguém, utilizando de metáforas como "amar é um deserto", se referindo a solidão que sente longe de seu amor. 

Utiliza também o recurso de prefixo para formar uma palavra, quando coloca deságua. Observemos que esta palavra é uma forma livre mínima, pois temos o prefixo des- que exprime negação e é uma forma presa, junto a palavra água, que é um enunciado suficiente para a comunicação, constituindo uma forma livre. 

Vamos encontrar o radical do verbo esquecer, que Djavan coloca na música no tempo pretérito mais que perfeito e exercitar o que o Kehdi, 1999, nos explicou?

Eu esquecera
Tu esqueceras
Ele esquecera
Nós esquecêramos
Vós esquecêreis
Eles esqueceram

Vimos que o radical é o verbo esquecer, pois é o único que aparece em cada conjugação. Simples, não?

A palavra sela, me fez lembrar que existe a palavra cela também. Este par é diferenciado apenas por um fonema /s/ e /c/. Percebe que a troca do s pelo c acarreta mudança de sentido? Isso é o que denominamos comutação.

Poderíamos continuar a análise da música pegando mais elementos. Se alguém quiser contribuir com alguma, seria muito enriquecedor. Fico por aqui! Até o próximo post!


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Raiz e Radical

Hoje, o post será bem interessante, pois entenderemos a diferença entre a raiz e o radical.
Apesar de muitos livros nos confundirem a respeito destes dois conceitos, através das explicações de minha professora, entendi qual é o real sentido destas duas palavras.

Iniciando pelo radical, percebe-se que ele é visto pelo estudo sincrônico. Segundo Kehdi, 1999,  o enfoque sincrônico é o estado atual, com preocupações marcadamente descritivas. De forma resumida, é a parte da palavra que não pode ser reduzida. Ou seja, é a parte da palavra que está presente em todas as formas de uma mesma palavra. Podemos encontrar esse radical através da flexão de gênero e número, no caso de nome, e em número, pessoa, tempo e modo, no caso dos verbos. Vejamos:

Vamos conjugar o verbo amar no presente e no pretérito perfeito:

PRESENTE                        PRETÉRITO PERFEITO

Eu amo                            Eu amei
Tu amas                           Tu amaste
Ele ama                            Ele amou
Nós amamos                    Nós amamos
Vós amais                        Vós amastes
Eles amam                        Eles amaram

Neste caso, percebemos que o radical da palavra amar é o am, pois ao fazermos a conjugação  a única parte em que permaneceu em todas as formas fora esta.

Vejamos agora um exemplo de nome flexionando-o em gênero e número:

Terra/ Terras (Radical = terra)
Terreno/ Terrena (Radical = terren-)
Terrenos/ Terrenas (Radical = terren-)

LEMBRETE: É válido lembrar que a raiz pode coincidir com o radical.

A raiz vem de um estudo diacrônico. Para Kehdi, 1999, o enfoque diacrônico é a compreensão baseado no processo evolutivo, desde fases mais antigas até hoje. A raiz é um morfema que não pode ser dividida, além disso, é analisada em um grupo de palavras. Ou seja, ela é o morfema comum a várias palavras de um mesmo grupo lexical, portador do significado léxico. Para chegarmos a raiz de uma apalavra, precisamos observar em um grupo lexical e detectar o elemento morfológico comum. 

Vejamos o exemplo do campo lexical terra e a palavra ferro, utilizada por Kehdi, 1999:

Terra                              Ferro
Terreiro                          Ferreiro
Terraria                          Ferradura
Terreno                          Ferramenta
Térreo                            Enferrujar
Enterrar

No caso acima, percebemos no grupo de palavras terra, um elemento comum, -terr-, por isso ele será a raiz. Na segunda palavra, percebe-se o termo -fer-, compondo-se também como raiz. Eu ainda acrescentei a palavra enferrujar, pois é do mesmo grupo de palavras, com a presença do afixo en-.

Além de tudo que aprendemos percebemos um elemento na palavra enterrar e enferrujar, o prefixo en, que será tema de nossas próximas discussões.

Comportamento dos Morfemas

Como bem vimos em sala de aula, os morfemas se comportam de formas diferentes. Nesse sentido, demonstrarei esses comportamentos através dos conceitos ensinados em sala de aula. Por isso, peço licença a professora Roberta para utilizar os conceitos que repassou a todos da turma. Além disso, trarei alguns conceitos que a Carone, 2001, traz em seu livro Morfossintaxe. Vamos lá!

Forma livre: Se caracteriza por se constituir isolada. Nada mais é que um enunciado suficiente para a comunicação. Ex.: as frases, que carregam consigo uma entonação adequada.
Forma livre mínima: Sua extensão não passa dos limites da palavra. Podem comportar-se como unidades de comunicação quando a elas se sobrepõe a mencionada entonação. Ex.: a palavra infeliz, pois feliz é uma forma livre, mas o prefixo in é uma forma presa.
Forma presa: Não é suficiente sozinha para constituir um enunciado, um significado. Ex.: afixos;
Forma dependente: Não é livre, porque não constitui isoladamente um enunciado, além disso, não é presa porque é superável. Ex.: artigos, preposições.

Exemplificando ainda mais! 

Na palavra telefone, temos que:

[tele-] = comunicação a distância (fonema preso)
[-fone-] =  aparelho (forma livre)

Percebemos então que o afixo tele é um fonema preso, pois não constitui sozinho um enunciado. Já na palavra fone, temos uma forma livre, pois sozinha possui um significado suficiente para a comunicação.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Raiz

Analisando ainda as estruturas da palavra, temos a raiz. Esta se define como a estrutura base para a formação da palavra. O exemplo visto em sala de aula é a palavra Palmeiras. Percebemos que a raiz dessa palavra é Palm, pois neste momento é onde encerra-se o seu sentido geral comum a uma família linguística.

Morfema e Morfe

Continuando nossos estudos, outro tópico para refletirmos é o morfema. Ele é um monema dependente, isto é, o fragmento mínimo capaz de expressar significado ou a menor unidade significativa que se pode identificar. Deste modo, podemos perceber que as palavras (tema da postagem anterior) ao contrário do que pode parecer, não correspondem às menores unidades gramaticais da língua. Pois resultam da combinação de elementos menores. Então, cada um desses elementos é um morfema da língua portuguesa, e nenhum deles pode ser fragmentado, do ponto de vista morfológico, pois todos são unidades mínimas. São esses morfemas que nos possibilitam a construção de novas palavras. Por exemplo, o prefixo in- ocorre também em "infeliz", "indistinto", "involuntário". Já o sufixo –idade ocorre também em "velocidade", "castidade", "maioridade" e "habilidade". Com isso,
"Cada morfema carrega um significado básico ou uma função e a união deles designa, modifica ou se opõe ao significado inicial, criando novos significados".
Mas é ainda importante ressaltar que esse morfema pode ser ausente. Neste caso, quando sua ausência é significativa, consideramos como "morfema zero". Morfe, segundo o que foi ensinado em sala de aula "é a realização física, gráfica ou fônica do morfema". Simples, não? Mas dentro deste conceito, ainda temos: alomorfe, morfe vazio e morfe zero, que veremos ao longo das postagens.

Palavra

Iniciemos este blog primeiro fazendo uma reflexão sobre o que é a palavra. Primeiramente, um dos conceitos que o dicionário traz é
"letra ou conjunto de letras com sentido".
Mas podemos construir um sentido mais complexo que isso, a medida que pensamos na palavra como um instrumento que vai além de um conjunto de letras ou sons de uma língua. Ela vem do latim parabŏla, e significa o segmento do discurso, a menor unidade semântica de um idioma. Além disso, trata-se da representação gráfica da palavra falada. A palavra possibilita o ato de falar, se expressar e também de dar a sua opinião. A palavra pode ser estudada a partir de diversas perspectivas. Na morfologia,
"A palavra é a mínima forma livre, caracterizada pela possibilidade de aparecer livremente em qualquer posição da cadeia falada".
Trazendo-as para o campo do léxico, elas podem combinar entre si para criar novas palavras, através da composição, da derivação e da parassíntese. Portanto, percebemos através deste pequeno texto que as palavras têm numerosas classificações, seja em função da sua categoria sintática (substantivos, verbos, adjetivos, etc.), da sua estrutura interna (compostas, derivadas), da sua acentuação (graves, agudas, esdrúxulas) ou da sua quantidade de sílabas (monossilábicas, bissilábicas), por exemplo.